Tudo indica que o Inglês vai passar a ser disciplina obrigatória, a partir do terceiro ano de escolaridade em Portugal. É essa, pelo menos, a proposta avançada por um grupo de trabalho do Ministério da Educação – e para o mesmo aponta o Programa de Governo do Partido Socialista, a concretizar depois das eleições legislativas deste domingo, dia 20.
É uma medida didá(c)tica e politicamente conveniente, como sustentam os mais recentes estudos das ciências da cognição: quanto mais novo se aprende uma língua estrangeira, melhores serão os resultados. Nada mais óbvio, pois, sendo o Inglês a língua franca do mundo contemporâneo globalizado – afinal, o estatuto que o Português já dispôs no século XVI, quando o nosso idioma «deu novos mundos ao mundo», como acaba de recordar o Prof. Fernando Cristóvão, na última emissão do programa de rádio “Páginas de Português”
Mas há outra realidade a ter em conta.
Sem o domínio da sua própria língua materna, a competência no Inglês desde os primeiros anos da escolaridade, ou em qualquer outra língua estrangeira, não passará disso mesmo: um (belo) propósito, sem correspondência pedagógica mínima. E como é possível inverter a situação de autêntica catástrofe do nível da compreensão e expressão oral e escrita das crianças e jovens portugueses no seu próprio idioma (vide o último relatório do PISA, um programa da OCDE), se elas continuarem a poder passar no 2.º Ciclo do Ensino Básico (5.º e 6.º anos de escolaridade) com negativa a Português?!