1. «Escrever é agora para mim um exercício de ouvido. O cérebro procura lembrar-se de como a língua pronuncia aquela palavra, tenta ouvi-la dentro da cabeça, para depois a poder escrever», confidencia o historiador e eurodeputado português Rui Tavares num texto escrito no jornal "Público", que fica também disponível na rubrica Acordo Ortográfico. Trata-se de uma reflexão sobre as questões ligadas à queda e/ou manutenção das consoantes mudas, fruto da aplicação do Acordo Ortográfico de 90. Aproveitámos, entretanto, para um esclarecimento adicional sobre a variação fonética consagrada na actual reforma da grafia português, que introduzimos na nota introdutória.
2. A consciência da importância da pronúncia (nascer, descer e interdito) é objecto de análise de duas das dez respostas da presente actualização do consultório, na qual são também temas abordados o léxico (a realidade de palavras invulgares, como virótico, cerceta, astroso, codicioso, pervivências e écfrase, o sentido de outras de uso corrente — corno, chifre, haste e chavelho — e o aumentativo de bandeira), a morfologia flexional (dos verbos colorir e colorar), a sintaxe (a classificação da estrutura «de Paris») e a semântica (o valor da dupla negação em poema de Álvaro de Campos, o sentido do verso de Pessoa «fingir é conhecer-me» e de um disfemismo).