1. Um pouco ao contrário do que acontece no Brasil, em Portugal alguns falantes andam a generalizar indevidamente a ênclise, isto é, a colocação do pronome depois da forma verbal flexionada. Esta tendência já chegou aos canais da televisão por cabo, como mostra Maria João Matos, que, no Pelourinho, critica um caso chocante de ênclise em orações cujo sujeito é o pronome indefinido alguém.
2. Entre os tópicos abordados nas oito respostas da nova actualização do consultório do Ciberdúvidas, saliente-se uma outra tendência do português europeu que, desta vez, a norma relega para a linguagem familiar: o uso do pretérito perfeito composto do indicativo em orações condicionais hipotéticas («se eu não tenho travado...» em vez de «se eu não tivesse travado...»).
3. Num momento em que o desaparecimento de muitas línguas minoritárias está ou parece iminente, vale a pena consultar a rubrica Antologia e reflectir sobre as palavras de confiança escritas há mais de cem anos pelo poeta brasileiro Raimundo Correia (1859-1911): «E basta às vezes pensar na vastidão do território onde ela [a língua portuguesa] é entendida [...], para se dissipar em nós esse vago receio de que venha a desaparecer algum dia da face do globo [...].»