Nunca permita o Céu, nunca tal mande
Que, merecendo nome meus escritos,
Este na voz do povo em muitos ande.
Que nos ides a língua enriquecendo
Nas rimas e na prosa, em altos ditos!
Ditosa língua nossa, que estendendo
Vás já teu nome tanto, que, seguro,
Inveja a toda outra irás fazendo!
Ditosa língua minha, assim se intitula este tocante louvor à língua portuguesa. Escreveu-o Diogo Bernardes há mais de 400 anos — poeta (1520-1605) que frequentou a corte de D. Sebastião e que o acompanhou até à fatídica batalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos, ficando aí prisioneiro durante algum tempo. O poema passa a integrar desde esta data a Antologia do Ciberdúvidas, uma recolha de textos de autores lusófonos sobre a nossa língua comum, de todos os tempos.
A professora Rosa Pereira escreveu-nos de Viseu sobre o aportuguesamento do vocábulo inglês feedback. Como respondeu Carlos Marinheiro – numa das 11 novas respostas da presente actualização do consultório do Ciberdúvidas – , fidebeque ainda não se encontra dicionarizado. Até à data... Mais tarde ou mais cedo, há-de suceder o que já aconteceu ao copydesk (copidesque), ao lockout (locaute), à boîte (boate) e aos infindáveis casos de inevitável aportuguesamento de estrangeirismos entrados no nosso vocabulário. Sobre este tema do bom uso dos estrangeirismos, nunca é de mais lembrar os ensinamentos do filólogo Manuel Rodrigues Lapa, na sua incontornável Estilística da Língua Portuguesa.
______________________________________________________________________________________
Devido ao feriado religioso de 8 de Dezembro, em Portugal, a próxima actualização do Ciberdúvidas far-se-á no dia seguinte.