1. Na semana ora finda muitas matérias interessantes foram afloradas no Ciberdúvidas. A reforma Ortográfica de 1911 em Portugal, o género do termo Wicca, o vocativo num soneto de Camões ou, ainda, e de novo, a diferença gramatical de impacto e impacte. E colocámos ainda em linha um novo Pelourinho, a propósito dos erros, logo seis, cometidos por um conhecido comentador político português na RTP… criticava ele, com o seu habitual sarcasmo, os erros de um determinado governante…
2. Uma carta de um leitor do jornal português “Público”, Carlos Oliveira Reis, dada à estampa na edição do dia 19 p.p., sob o título “Ensino de Português em Libreville abandonado pelo Instituto Camões", constitui mais um exemplo, infelizmente negativo, do que aqui escrevíamos, há uma semana, sobre a campanha Português, língua dos novos mundos. Os factos aí narrados falam por si:
«(…) até final do ano lectivo de 2003, existia na Universidade Omar Bongo de Libreville um leitorado de português que após Setembro de 2003 foi suprimido; desconheço a motivação do Instituto Camões pois o número de alunos interessados na língua e cultura portuguesas passou de 479 em 2002/2003 para 565 em 2003/2004; no quadro do departamento de Estudos Ibéricos a língua portuguesa é obrigatória (168 alunos), sendo opção nos cursos de História/Arqueologia (163), Letras Modernas (101), Inglês (80) e Literatura Africana (53); a universidade resolveu o assunto com uma contratação local, a de um professor angolano, o prof. Francisco Sumbo Sebastião.
Que pode um português habitando Libreville fazer para tentar mudar a situação? Muito pouco. Contactos feitos com a Embaixada de Portugal em São Tomé, acreditada no Gabão, resultam em pouco mais do que a tomada de conhecimento e o remeter do assunto para o Instituto Camões. Este, contactado por correio electrónico, nem se digna responder.
As perguntas óbvias ficam no ar: como pode um professor ensinar correctamente a língua portuguesa a turmas tão extensas? Porque fechou o leitorado de português? Acaso seiscentos alunos gaboneses e de outros países da África central não merecem o investimento do Instituto Camões no envio de pelo menos um professor (não será difícil encontrar professores interessado numa estada em África)? Certo é o grande interesse pela língua portuguesa dos alunos deste país, o qual tem fronteira marítima com um dos membros da CPLP, São Tomé e Príncipe... mas é também uma certeza a inexistência de secção portuguesa na biblioteca da universidade. O professor apoia-se em fotocópias de um único manual que possui. Os Lusíadas que agora já pode apresentar foram uma pequena oferta minha para substituir as cópias recolhidas lentamente na internet.
Não excluindo a participação dos professores originários dos PALOP – que, no caso do prof. Sumbo Sebastião, é de grande valor – quem estará ao corrente do falhanço completo do ensino do português nesta zona do continente, que em primeira instância deveria ser tomado a cargo por Portugal?»
3. Devido ao feriado do 25 de Abril, em Portugal, na próxima segunda-feira, Ciberdúvidas regressa às suas actualizações diárias só no dia seguinte, 26.