1. As tendências ditam a moda, universo da aparência que vive em (e de) constante mudança, criando o mito ilusório de uma certa arte efémera que se debate incansavelmente contra o (re)conhecido como padrão numa sociedade consumista que valoriza a imagem. Talvez por influência deste movimento pró-novidade que banaliza as variações que vão surgindo, a língua portuguesa tem sentido sinais de novas tendências que procuram afirmar-se pela frequência do uso, negligenciando a norma como peça ultrapassada. Por isso, de tanto convivermos com diversas formas de uma determinada estrutura linguística, é natural que se nos levantem dúvidas sobre o que é correcto, o que entra no domínio vago do aceitável e o que é, de facto, agramatical. As questões das regências — diz-se «tendência para», ou «tendência a»? —, do uso da palavra correcta — «dar a primeira/segunda mão de tinta» ou dar a primeira/segunda demão —, das formas de particípio passado de certos verbos — «fixo» ou «fixado» —, assim como a da adequação e oportunidade de determinadas expressões correntes — «andar de lado» —, nestes tempos de emergência contínua de variantes, assolam qualquer falante consciente da complexidade da língua.
2. O léxico — o significado e a origem da expressão «vinho frutado» — será objecto de análise no programa Língua de Todos (da próxima sexta-feira, dia 8, às 13h15*, na RDP África; com repetição no dia seguinte, às 9h15*), programa este que conta, também, com a rubrica Uma Carta É Uma Alegria da Terra, em colaboração com os CTT, Correios de Portugal.
Por sua vez, a emissão de Páginas de Português (de domingo, 10 de Abril, às 17h00, na Antena 2), a propósito da época pascal, será dedicada à relação da língua portuguesa com a gastronomia, marcada pela influência da culinária dos quatro cantos do mundo — da China à Índia, de África ao Brasil — onde a presença lusa se fez notar.
Ambos os programas se encontram também disponíveis em podcast, na página da rádio e da televisão públicas portuguesas, na Internet.
3. Na Montra de Livros, é apresentada a Moderna Gramática Portuguesa — actualizada pelo novo acordo ortográfico (2009) —, de Evanildo Bechara.