Já trouxemos aqui, para breve reflexão, a ponderação sobre o que se perde quando se abdica do ensino oficial continuado de mais do que uma língua estrangeira. Trazemos agora um exemplo: Mikhail Gorbachev participou recentemente numa entrevista pública, no Auditório Lyndon B. Johnson, no Texas, com recurso a intérprete. Se o tivesse feito em inglês, não era a mesma coisa, era melhor. Não se trata de minorar o prestígio do locutor, prestigiado universalmente; é antes uma questão de comunicação, mesmo: «Apesar de, de uma maneira geral, a mensagem e as ideias terem sido transmitidas à audiência, alguns pormenores foram inevitavelmente deixados de fora ou distorcidos. Quando um discurso é traduzido, há muita coisa que se perde na tradução e que passa despercebida» (tradução livre do artigo Second language undervalued as professional asset).
Foi recentemente lançado, na sede da Sociedade Italiana de Porto Alegre, Brasil, o livro Línguas que botam a boca no mundo: reflexões sobre teorias e práticas de línguas, com organização de Joice Armani Galli, do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A obra é composta por textos de autores das regiões sul e nordeste que abordam o tema das políticas públicas linguísticas.
Há línguas, como o inglês, que convencionaram formas abreviadas de realização fonética e morfológica de palavras. No português, não há essa tradição. Por isso, o «tá-se bem!», o «tás onde?» são tolerados apenas no modo oral, em registo informal, ou nas mensagens SMS. O título do programa Tás aqui tás apanhado quer simplesmente ter graça. Terá?
Como reconhecer uma completiva de infinitivo? A presença das preposições para, de e a é uma pista, mas não é nenhum critério de classificação.