Neste dia, damos destaque ao artigo do linguista Sirio Possenti e, enfim, ao seu continuado trabalho de divulgação, na imprensa, de teorias e produtos em linguística. Desta vez, trata-se de uma elaboração sobre a Teoria da Argumentação na Língua, de Oswald Ducrot, e a possibilidade de trabalhar fora do quadro formalista, com o mesmo grau de rigor e objetividade que dentro dele. Na parte final do artigo, Possenti mostra as aplicações possíveis dessa teoria na leitura crítica dos textos dos media.
Depois da turbulência da TLEBS e após a suave implementação dos termos do Dicionário Terminológico, via Novos Programas, a estranheza causada por algumas reconfigurações da gramática ainda se repercute no nosso consultório. Perguntas sobre modificadores, qualificadores, adjetivos relacionais e os predicados nominais são ainda recorrentes.
Percebemos que assim seja, pois, afinal, aquilo que o Dicionário Terminológico reflete, fruto de recentes teorizações linguísticas, muitas vezes nega em absoluto o que as gramáticas de referência descreviam (e as gramáticas escolares reproduziam). Veja o caso, justamente, do predicativo do sujeito: Cunha e Cintra (1984, p. 135) consideram que estar e ficar em a) são verbos copulativos e que em b) são verbos significativos (ou nocionais):
- a) Estavas triste.
Fiquei pesaroso.
b) Estavas em casa.
Fiquei no meu posto.
Porém, o facto de os constituintes triste, em casa e pesaroso, no meu posto poderem ser coordenados prova que eles têm o mesmo estatuto sintático. É este o fundamento principal para que expressões locativas passem a ser classificadas também como predicativo do sujeito.
Qual a semelhança entre falar inglês e tocar guitarra? Todos dão uns toques, mas poucos o fazem bem. Quando muito, limitam-se a pulsar cordas soltas, como mostra Carlos Patraquim neste texto da secção Pelourinho.