Como sistema vivo que é, a língua depara-se constantemente com o conflito de duas forças igualmente poderosas: a da inovação, que apela à ousadia de integrar novidades, e a da conservação, que, contra-regrando a primeira, garante a unidade do idioma, privilegiando a norma e atuando como modelo da comunidade linguística.
Atento a esta realidade, Paulo J. S. Barata aponta o estranho uso do verbo realizar por perceber/entender/compreender, que já encontra acolhimento em dois dicionários, concluindo que: «o facto de os dicionários registarem por vezes formas abastardadas, ortográfica ou semanticamente, como é o caso, não as cauciona necessariamente na perspetiva da norma culta.»
Sinal evidente da presença destas duas forças são as respostas da atualização do Consultório: o aportuguesamento de nomes estrangeiros, a manutenção (trava-línguas e correlação) ou a alteração na grafia fruto do Acordo Ortográfico, o emprego do itálico, a entrada de novos termos no léxico, a consciência da riqueza linguística geradora de palavras divergentes e o valor das palavras.