O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) foi criado em 1 de Novembro de 1989 por iniciativa do então Presidente do Brasil, José Sarney, em S. Luís do Maranhão. Estiveram presentes na cerimónia inaugural os chefes de Estado de Portugal e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, com excepção de Angola que se fez representar. Esta presença significativa de Presidentes demonstra o reconhecimento da importância e projecção da Língua Portuguesa no mundo. Segundo os seus estatutos, o IILP é o organismo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que tem por objectivos fundamentais «a promoção, a defesa, o enriquecimento e a difusão da Língua Portuguesa como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico, tecnológico e a utilização oficial em fóruns internacionais». Infelizmente, as expectativas então criadas goraram-se. O IILP esteve, mais ou menos, em letargia durante estes anos todos. Os objectivos inicialmente propostos nunca se concretizaram.
Acaba de ser nomeada sua directora executiva, a cabo-verdiana Ondina Ferreira, que já foi ministra da Educação e Cultura no seu país. Ondina Ferreira concedeu uma entrevista ao “Jornal de Letras” do dia 5 transacto, na qual ressalta questões que deverão suscitar a reflexão de todos nós. Diz a nova directora executiva que o IILP «será sempre aquilo que os Estados-membros da CPLP desejarem que ele seja». E embora, ao longo da entrevista, se reconheça existirem projectos válidos e a capacidade e competência de parte da nova Direcção do Instituto Internacional da Língua Portuguesa para os realizar, é ela própria a manifestar «a sensação [de] que o IILP ainda não é prioridade para as questões da Língua Portuguesa no espaço dos Oito». Este facto é grave, porquanto muitos projectos que o IILP pretende levar a cabo são importantes para os países da CPLP e eles próprios não teriam por si condições de os realizar.
Dos projectos em curso ou em perspectiva, a nova directora executiva do IILP refere os seguintes: estabelecer quantos falam, escrevem e se expressam em português nos oito países lusófonos; determinar o estado actual da língua portuguesa no mundo, em colaboração com outros organismos internacionais; finalmente, anunciou um projecto ambicioso que se chama “É Bom falar Português”, dirigido às escolas, à comunicação social e à comunidade de falantes de português, de acordo com as orientações saídas do seminário “Para a edificação do IILP”.
Projectos importantes, sem dúvida, e que merecem o aplauso geral. Mas acaso estará o IILP estruturado e com recursos financeiros capazes para assegurar a realização e o sucesso desses tão ambiciosos projectos? Pela Língua Portuguesa, esperemos que os membros da CPLP o coloquem finalmente na primeira linha das suas prioridades.