As palavras vêem o seu uso constantemente recriado, como acontece num poema em que surge a palavra lanterna. Outras vezes, ingenuamente, inventamos etimologias: diz-se que um bicho-carpinteiro foi um «bicho no corpo inteiro», mas não é bem assim; sugere-se que ceia e cena têm a mesma origem, e não é verdade. Queremos que um texto faça sentido, mesmo quando o verbo endeusar deu gralha. Por fim, esgotados, não nos passa pela cabeça qual é o masculino de rã, nem descobrimos o aumentativo de relógio, nem percebemos por que diabo «o prazo termina-se amanhã» não soa bem.