1. A Antologia é hoje enriquecida com um texto e um poema da escritora guineense Odete Semedo. «Em que língua escrever/Contando os feitos das mulheres/E dos homens do meu chão ?/ Como falar dos velhos/ Das passadas e cantigas?/ Falarei em crioulo?/... Ou terei de falar/Nesta língua lusa». Um texto belíssimo, como o de um coração ambivalente...
2. Foi uma semana menos feliz do Ciberdúvidas. Aconteceu a propósito das respostas sobre os idos, as nonas e as calendas, a metanóia “versus” metáfora e a etimologia de gamba. O pior que nos pode suceder é errar; pior ainda só mesmo não assumir o erro. Cumprida também nesse aspecto a tradição de rigor e seriedade que tanto ajudou a cimentar o prestígio do Ciberdúvidas, fica, entretanto, mais uma vez demonstrado o papel decisivo dos seus consulentes.
A singularidade deste sítio da Língua Portuguesa na Internet passa justamente pelos seus consulentes. São eles, e só eles, com as suas perguntas, sugestões, críticas e incentivos, quem nos permite manter de pé um projecto desta natureza e dimensão, a despeito de todas as dificuldades e provações.
3. Sobre as perguntas a que respondemos com especial gosto esta semana, permita-se-nos relevar duas: a do probatório e a do Y: vogal ou consoante?. A primeira, porque relança o debate sobre o que aí vai de atropelos por via das apressadas e más traduções do inglês; a segunda, por nos ter chegado de uma brasileira residente no Japão há 11 anos, preocupada com o melhor ensino da Língua Portuguesa para a filha.
4. Na próxima terça-feira, dia 10 de Junho, é feriado nacional em Portugal. Por isso, Ciberdúvidas só fará actualizações diárias quarta e quinta-feira, interrompendo depois, também, na sexta-feira, 13, feriado municipal em Lisboa.
P.S - A semana até começara luminosamente para as letras em língua portuguesa, com o Prémio Rainha Sofia [de Espanha] atribuído a Sophia de Mello Breyner. Infelizmente, terminámo-la da pior forma: a conselheira para os Assuntos de Educação da Embaixada de Portugal em Paris, a escritora Isabel Barreno, demitiu-se das suas funções em carta dirigida ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz.
Isabel Barreno exercia estas funções há vários anos, concitando generalizado aplauso pelos esforços que vinha desenvolvendo em prol da Língua Portuguesa em França.
Na carta de demissão, citada pelo jornal “Público”, escreveu: «Considero não existirem condições mínimas para um exercício adequado do cargo, resumindo-se as minhas funções, a curto prazo, à coordenação do improviso e à remediação do atraso».
Será com a gestão do improviso que se promove e difunde a Língua Portuguesa em França e no mundo?