É difícil explicar a razão por que na oralidade se está a perder tão rapidamente a distinção entre o presente e o pretérito perfeito do indicativo nos verbos da primeira conjugação. Essa distinção é marcada através da abertura da vogal: «Nós ontem cantámos, amámos, sonhámos; nós hoje cantamos, amamos, sonhamos...»
A tendência crescente para pronunciar as formas do pretérito perfeito da mesma maneira que as do presente (ou seja, dizer, por exemplo, «ontem cantamos») já se está a reflectir na escrita, em violação do código ortográfico. Mas para além da fuga às normas gráficas, acresce que, em termos funcionais, pode ocorrer entropia na comunicação, dado que nem sempre é fácil, pelo contexto, discernir se o locutor está a falar de situações passadas ou presentes.