Nas suas Teses sobre a Lusofonia, que temos em linha na rubrica O Português na 1.ª Pessoa, o reitor da Universidade Lusófona, Fernando dos Santos Neves, centra assim a nossa língua comum nessa sua reflexão sobre Portugal, a Europa e a Comunidade de Povos de Língua Portuguesa:
«Como projecto ou questão de língua, a Lusofonia tem de ser encarada, antes de mais, como a justa avaliação e a consequente valorização da Língua Portuguesa no mundo contemporâneo. Foi, aliás, neste sentido que, na minha Carta Aberta ao Presidente Lula, me permiti chamar a atenção para o facto de o Espaço Lusófono utilizar uma mesma língua, a qual, muito mais que a Última flor do Lácio, inculta e bela, segundo os famosos versos de Olavo Bilac, é hoje, objectivamente e segundo a não menos famosa profecia de Fernando Pessoa, "uma das poucas línguas universais do século XXI" (enquanto língua falada em todos os Continentes e com um grande País, o Brasil, seu falante), podendo tornar-se um instrumento inigualável de comunicação e de desenvolvimento entre os homens.»
E escreve de seguida o Prof. Fernando dos Santos Neves: «Assim entendida, a Língua Portuguesa poderá e deverá tornar-se uma das grandes (senão a maior das) riquezas de todos os Países e Povos da CPLP e todo o investimento na sua cultura e difusão aparece como o investimento mais inteligente e mais rentável.»
Infelizmente, ao contrário do que lucidamente advoga Fernando dos Santos Neves, não tem havido «o mínimo de inteligência (até económica), por parte dos Estados Lusófonos, sequer no assegurar [da] existência de Professores da Língua Portuguesa em todos os Espaços do Espaço Lusófono e no máximo possível de Espaços do Mundo Contemporâneo». Basta atentarmos no que, nesse âmbito, resultaram as recentíssimas viagens a Angola do primeiro-ministro de Portugal, Durão Barroso, e do Presidente do Brasil, Lula da Silva. Nada, confrangedoramente nada...
E – circunscrevendo-nos, apenas e agora, a África – é exactamente em África que ainda não se assumiu de forma plena a importância da Língua Portuguesa. Quer como elemento estruturante das identidades nacionais africanas, quer como factor imprescindível para o desenvolvimento económico (uma vez que o português é a língua do acesso aos saberes e à ciência). E até como agente de democratização dessas sociedades: sendo o português língua da administração pública, o seu desconhecimento constituirá sempre factor de marginalização.
Voltando às 11 Teses ... de Fernando dos Santos Neves: para quando o investimento suficiente e «inteligente» na difusão desta nossa «língua de oito pátrias», principalmente em África?
Por exemplo: qual a percentagem de falantes de português, hoje, na Guiné-Bissau?