Há quase cem anos, o escritor brasileiro João Ribeiro – agora na Antologia – avisava que os clássicos deveriam ser lidos com lenteza semelhante à que eles puseram no acto de escrever. De outro modo, ninguém conseguirá compreender as subtilezas dessa linguagem.
Os clássicos «não podem, pois, ser devorados de um trago, como os livros de hoje, improvisados num lanço.»
Se João Ribeiro manifestava tamanhas queixas há um século, imagina-se o que diria nos tempos que correm, quando o problema ante os clássicos não é só que se leiam depressa, mas que se não leiam.
Clássico hoje já é escrever apagar, eliminar ou suprimir num país cuja Academia de Letras acaba de admitir, no vocabulário oficial, uma necessidade anglo-brasileira como "deletar".