1. Lula da Silva, o presidente da República do Brasil, sem diploma universitário de nenhum tipo, a discursar sem teletexto, arriscava-se a ficar nos anais dos pontapés na gramática por gente famosa, pensou-se. Mas saiu agora um dicionário singular – Dicionário Lula – Um presidente exposto por suas próprias palavras (Editora Lucerna), da autoria do jornalista e sociólogo Ali Kamel – que vem mostrar exactamente o contrário: pela análise de 1554 discursos orais e espontâneos do presidente (3 milhões de palavras!), concluiu-se não apenas que Lula fala muito, mas que detém um vocabulário de 11 mil lemas (domina a norma culta) e que é exímio na arte retórica.
Recomendamos, a propósito, a leitura do comentário de Sírio Possenti, professor do Departamento de Linguística da UNICAMP.
Os EUA e o Reino Unido têm uma sólida tradição do estudo do texto, designadamente no âmbito da Análise Crítica do Discurso, empenhada em saber de que maneira o discurso constrói identidades sociais e um sistema de conhecimento e de crenças colectivo. Em Portugal, salientamos os trabalhos de Maria Aldina Marques, O Funcionamento do Discurso Político Parlamentar, e de Carlos Gouveia, A Linguística e o Consumidor: Teoria, política e política da teoria (entre outros artigos).
2. Os programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas vão estar atentos, em tempo de campanha eleitoral, às propostas dos diferentes partidos portugueses relativamente a uma política de língua eficaz: o programa Língua de Todos (dia 11, RDP África, 13h15*) faz o ponto da situação do ensino e da promoção da língua portuguesa nas comunidades imigrantes africanas e nos PALOP; o Páginas de Português (dia 13, Antena 2, 17h00*) investe ainda nos termos politicólogo, politicologista, politólogo e politiquice.
*Hora oficial de Portugal continental