1. Num tempo em que o confronto com o desvio linguístico se tornou banal, o padrão linguístico de cada país de língua portuguesa precisa urgentemente de ser descrito e fixado nos seus diferentes níveis de funcionamento. É, pois, de saudar a recente publicação de Fonética do Português Europeu: Descrição e Transcrição, de António Emiliano, professor de Linguística na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
2. A presença dos estrangeirismos no discurso tornou-se marca de estatuto privilegiado de diferença. Opondo-se a este estado de coisas, o escritor José Saramago apelou para a defesa da língua e criticou a sua «americanização». durante a cerimónia da edição de 2009 do Prémio Saramago, no discurso de elogio da escrita de As Três Vidas, de João Tordo, o vencedor do prémio. «Temos de defender e cultivar a nossa língua. A escrita tem de ser composta por 70% de linguagem, da mesma forma que o nosso corpo é composto por 70% de água» — são afirmações/convicções enunciadas pelo Nobel da Literatura que não deixam espaço para dúvidas.