1. Deparamo-nos, cada vez mais, com registos escritos que nos fazem franzir a testa. Sinal de dúvida, de incredulidade, de perplexidade e, até mesmo, de assombro e... de horror perante o confronto com algo escrito (quantas vezes em letras garrafais, ostensivamente bem visíveis!), como que a desafiar o olhar convencional do outro, a testar a nossa atenção e..., sobretudo, a avaliar a nossa capacidade de descodificação. A realidade é que, hoje, no nosso dia-a-dia, nos sentimos abalados por dúvidas, inundados de incertezas que, outrora, não tínhamos. Mas isso não implica aceitar o desgoverno da língua ou a liberalização da escrita; veja-se o exemplo do apelo ao Governo para a implantação «o quanto antes» do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (de 1990), feito pelo linguista Malaca Casteleiro, orientador científico do recente Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
2. Não há dúvida de que a língua evolui, ganha novas palavras (neologismos), adopta outras de outras línguas (estrangeirismos) e de outros povos, reflexo das mudanças dos tempos e de uma sociedade em contacto directo, em que as distâncias se esbateram, e que se apropria naturalmente do falar do outro. Atento à realidade do nascimento de neologismos, porque consciente da dificuldade em se manter actualizado na frequência de novas palavras, o Observatório de Neologia do Português (ONP), do ILTEC, pede a colaboração de todos nós na detecção de neologismos para os integrar na sua base de dados.