Acabou de ser lançado, no Brasil, o Dicionário Tupi-Português, da autoria de Hugo Di Domenico. Este dicionário corresponde a um trabalho lexicográfico de grande fôlego e contribui para um mais abrangente entendimento da origem de múltiplas palavras no léxico do português, concorrendo igualmente para prestigiar a língua tupi.
Convém, aliás, lembrar o quanto o processo de fixação pela escrita é fundamental para a conservação e revitalização de uma língua. Sugerimos, a este propósito, a leitura do artigo «Alfabetização indígena: a escrita revitaliza línguas?», publicado na revista electrónica de jornalismo científico Com Ciência.
Para quem estuda os vários fenómenos da expressão linguística e, pelo menos no plano das intenções, para quem é responsável pelas directrizes políticas de promoção dos saberes linguísticos, o que importa não é a luta pela hegemonia de uma, duas ou três línguas, mas a criação de condições que potenciem uma competência multilingue generalizada. Isto mesmo foi defendido recentemente pelo representante do Brasil da CPLP: a preservação das línguas nativas a par da promoção do português.