É histórico: a difusão de uma língua sempre esteve ligada ao poderio militar, económico e tecnológico do povo que a fala (ou falava). Não vai ser diferente no futuro, constata Mia Couto.
Paralelamente, há estruturas de apoio à facilitação dessa difusão que necessariamente têm ser tidas em conta: o ensino, a tradução, a produção de conteúdos para dispositivos informáticos e a pujança da investigação em linguística — por exemplo, da lexicologia, na produção de um vocabulário técnico-científico uniformizante para a lusofonia.
Este período de pós-Páscoa é um pretexto para a seguinte constatação: o facto de a população portuguesa se alhear cada vez mais das práticas litúrgicas representa uma redução notória da cultura geral dos falantes — o que se reflecte, evidentemente, no seu desempenho linguístico. De facto, sem ir à missa e sem ouvir falar, por exemplo, nas Epístolas de S. Paulo (aos Coríntios, aos Romanos, aos Filipenses...), muito dificilmente se pode inferir o significado de epistolar.