Gonçalo M. Tavares, num recente encontro em Moscovo com estudantes universitários, alertou para os perigos da manipulação das massas, através do hábil e pernicioso uso da língua, que encontra terreno fértil na iliteracia. Defendeu, por isso, a generalização de cursos específicos para "pessoas comuns", de modo a muni-las com saberes e competências que contrariem a adesão cega a uma representação falaciosa do mundo.
Norman Fairclough, em 1989, declarou dois propósitos que presidiam à publicação do seu livro Language and Power: «o primeiro foi contrariar a tendência generalizada de subestimar a importância da língua na produção, preservação e alteração das relações sociais de poder; o segundo consistiu em ajudar a aumentar a consciência de como a língua é lugar de dominância de umas pessoas em relação a outras, porque a consciencialização é o primeiro passo para a emancipação» (Language and Power, Introdução*).
Estas serão as linhas estruturantes dos cursos sugeridos por Gonçalo M. Tavares.
E, justamente, o Centro de Linguística da Universidade do Porto, nos dias 4 e 5 de Junho, vai receber o professor Christian Plantin no âmbito das jornadas Manipulação e Discurso.
* Tradução livre.