A moderna cultura - Diversidades - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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A moderna cultura
A moderna cultura

A modernidade da cultura galega expressa-se sob várias formas, todas elas pujantes. Das artes performativas à música e por aí fora

 

 

texto descritivo da imagemMarful, música de hoje com travo a passado

 

O grupo é novo. O primeiro disco, simplesmente Marful, acaba de sair. Mas a vocalista, Ugia Pedreira, tem já um currículo notável. Actualmente directora do Conservatório de Música Tradicional e Folk de Lalim, além de colaboradora da Rádio Galega, integrou várias bandas que marcaram o folk e o rock galegos do último decénio. A guitarra de Marcos Teira e o acordeão e clarinetes dos irmãos Pascual recuperam a música popular urbana, a dos salões de baile e cafés-cantantes da Galiza dos anos 30 e 40: os tangos, as habaneras, os pasodobles. E o jazz, e o twist. Mas o produto é inconfundivelmente de hoje. E as inflexões de Ugia, irreverentes, matreiras, de uma rispidez de veludo, visam recordar aos distraídos que, não parecendo, meio século faz muito na música.

 

texto descritivo da imagemPGL, pela aproximação ao universo português

 

O Portal Galego da Língua (www.agal-gz.org) é a face mais visível da Agal, a Associaçom Galega da Língua, a maior agremiação reintegracionista (partidária da reintegração da Galiza no espaço da língua portuguesa, que considera o seu). Com alto registo de visitas (supera por vezes as 300 mil por mês), extremamente cuidado e aberto a outras orientações linguísticas galegas, o portal tem noticiários actualizados e um fórum assíduo. Oferece também numerosas descargas documentais e conexões a úteis bases de dados, como o dicionário Estraviz, de reconhecida qualidade.

 

 

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BD, um universo prolífico

Ganhou o prémio de «Melhor Fanzine de Espanha 2005» no Saló Internacional de Cómic, de Barcelona. É uma antologia de banda desenhada, chama-se Barsowia e é publicada, desde 2003, pelo colectivo Polaqia (encontrável em www.redegalega.org/polaqia). Nos oito números entretanto aparecidos colaboram numerosos autores, galegos na maioria, mas também o espanhol Ken Niimura e os portugueses Paulo Monteiro e Susa Monteiro.

 

 

 

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«Grial», a cultura em revista

Vai no seu ano 64, esta «revista galega de cultura», o que faz dela uma das mais antigas da Galiza. Aí colaborou, nas décadas de 50 a 70, o português mais «galego» de sempre, Manuel Rodrigues Lapa. Hoje profundamente renovada, a «Grial» é um trimestral de divulgação, com amplos dossiês e alargada crítica de publicações. Alberga ainda documentação histórica e o exame da actualidade galega e espanhola.

 

 

 

 

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Quico Cadaval, comediante e argumentista

É actor de teatro e de cinema, e ainda argumentista e realizador de séries televisivas (em 2004 assinou «A Miña Sogra e Máis Eu»). Foi, há anos, o instrutor de expressão corporal na «Operação Triunfo» da RTP, de onde levou fama de «professor maluco». Mas é sobretudo um narrador, um «stand up comedian» célebre Espanha afora. Enche o palco com narrativas múltiplas, entrançadas, e que soam como se inventadas ali. Mas vêm, parte delas, das histórias ouvidas na taberna que a mãe tinha. Quico Cadaval faria chorar as pedras, não fosse um travo de lucidez, sempre disponível, a chamá-lo à razão.

 

 

texto descritivo da imagemRádio Galega, «uma forja artística»

 

Chama-se Xurxo Souto, é homem da rádio, antigo vocalista de Os Diplomáticos de Monte Alto, mas também ficcionista, e desde há um ano e meio chefe de programação da Rádio Galega. «Vivemos, na Galiza», diz, «um momento de efervescência cultural, de tremenda excitação criativa, provenientes da entrada do galego na vida pública, no ensino, nos ‘media’. Alcançámos, no terreno da música, divulgação fora da Galiza, com as cantoras Mercedes Peón, Ugia Pedreira ou Susana Seivane, o gaiteiro Carlos Nunez, grupos de hip-hop e de rap, como Dios Ke Te Crew ou As Garotas da Ribeira, estas em Barcelona, ou de rock mais clássico, como o conjunto Ruxe-Ruxe, de pop ‘electrónico’, como a Compañia do Ruído. E há a particularidade de bastantes deles operarem a partir dos meios rurais. Ultrapassou-se um período sobretudo instrumental, de conjuntos da qualidade de Milladoiro. Hoje reivindica-se a palavra e cantar em galego tornou-se uma normalidade. A Rádio Galega quer ser o grande motor desta cultura nova galega, ser a forja artística e musical deste país.» Pode escutar-se a Rádio Galega em www.crtvg.es.

Fonte

Sobre o autor

Fernando Venâncio (Mértola, 1944) formou-se em 1976 em Linguística Geral, na Universidade de Amesterdão. Aí se doutorou em 1995, com um estudo sobre as «ideias de língua literária em Portugal no século XIX». Publicou estudos sobre «brasileirismos em Portugal», as reformas ortográficas e o Português Fundamental. Tem escrito no Jornal de Letras (JL), no semanário Expresso e na revista Ler. É autor dos romances Os Esquemas de Fradique (1999) e El-Rei no Porto (2001) e da antologia Crónica Jornalística. Século XX (2004). A sua mais recente obra é Assim Nasceu uma Língua (2019).