Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.
«Tem isto cabimento?»
A inversão do sujeito numa interrogativa global

«O título é Tem a Itália os políticos que merece? Odeio esta mania de pôr o verbo à frente. Claro que a nossa língua permite que o carro se ponha à frente dos bois. Mas fica esquisito». Assim escreve Miguel Esteves Cardoso, criticando a inversão do sujeito em interrogativas globais (de resposta sim/não), em crónica incluída no jornal Público, no dia 6 de fevereiro de 2022.

*«O menino perdoa o pai»

«(...) Este é um erro que se começa a encontrar, sobretudo em traduções do inglês, língua em que as formas do pronome complemento direto e indireto são homónimas. Mas não é este o caso. Em português, o verbo perdoar rege, além do complemento direto – neste caso seria algo como "o castigo" –, complemento indireto ou a preposição a – "ao pai". (...)»

Voltando à frase ««Lépido, filhote de Valente, um indômito de quatroanos, estava ontem deitado no pasto, sem sela, relinchando, quando foi laçado»», analisemos a expressão «sem sela».

O constituinte «sem sela» exerce, como já foi dito, uma função semelhante à dos advérbios e modificadores apositivos, e parece corresponder a um comentário por parte do locutor, adicionando informação à frase. As suas características são:

É muito interessante a frase «Lépido, filhote de Valente, um indômito de quatro anos, estava ontem deitado no pasto, sem sela, relinchando, quando foi laçado.», pois não é totalmente pacífica a análise dos termos «deitado no pasto», «sem sela» e «relinchando».

Observemos a frase.

Por Virgílio Dias

[1.] O Ciber hoje ultrapassou tudo o que é de esperar nesta sua exposição pública de saberes.1 Depois de errar na descrição sintáctica duma frase, não corrige o erro, mas cria uma nova frase, cuja análise sintáctica nos apresenta e justifica.

Não está certo!

Retomemos a frase «Lépido, filhote de Valente, um indômito de quatro anos, estava ontem deitado no pasto, sem sela, relinchando, quando foi laçado» e construamos uma nova frase com os constituintes relevantes para a análise que Virgílio Dias contestou:

(i) «Lépido estava deitado sem sela.»

O predicativo do sujeito é a palavra ou expressão que estabelece uma relação de sentido com o sujeito, que o caracteriza; em (i), essa posição é preenchida pela forma participial deitado.

Por Virgílio Dias

Pedia-se a classificação gramatical, sintáctica e semântica dos constituintes da frase:

«Lépido,filhote de Valente, um indômito de quatro anos, estava ontem deitado nopasto, sem sela, relinchando, quando foi laçado.»

E diz-se:

«sem + sela (preposição + substantivo/complemento circunstancial de modo)

Ana Carina Prokopyshyn :: 12/09/2008»

Não concordo. «Sem sela» é um predicativo do sujeito.

Parte da análise sintáctica incluída na resposta Classificação gramatical, sintáctica e semântica, da autoria da consultora Ana Carina Prokopyshyn, levou o consulente Virgílio Dias a manifestar-nos a sua discordância. Gerou-se assim uma pequena mas acalorada controvérsia em torno da classificação de certos constituintes preposicionados que ocorrem normalmente depois de verbos de ligação (s...