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1. A palavra reparação encontra-se na ordem do dia. O termo foi usado pelo Presidente da República português Marcelo Rebelo de Sousa no decurso de um jantar com jornalistas estrangeiros (no dia 23/04/24), onde defendeu que os portugueses deveriam pagar os custos do colonialismo como forma de reparação histórica dos seus atos passados. Neste contexto, o substantivo reparação não foi usado no seu sentido denotativo, que aponta para o «ato ou efeito de consertar, restaurar» e que já se encontra no seu étimo latino reparatĭo, onde já se encontrava o sentido de «renovação, remodelação». Com a evolução dos usos e o enriquecimento semântico, a palavra reparação passou também a incluir valores como «restabelecimento ou recuperação de forças, após esforço físico; ação de corrigir o que está mal; compensação, indemnização por danos ou prejuízos causados». É nesta última aceção que o termo restauração foi usado pelo Presidente da República e é esta a significação que está a desencadear um debate aceso na sociedade portuguesa, suscitando posições muito contrárias e mesmo extremadas, que, de alguma forma, emergiram no espaço público associadas às comemorações do 25 de Abril. Este ano, o evento ficou marcado por desfiles em várias cidades, onde se reuniu um número muito alargado de pessoas, como há muito não se via. Um «mar de gente» que recordou a importância de se continuar a lutar pela liberdade conquistada, e cujos valores, tal como a língua portuguesa, se espalham pelos corações, como nos recorda no seu artigo a professora universitária e linguista Margarita Correia (partilhado com a devida vénia). 

Primeira imagem: Fundação da cidade de Rio de Janeiro, de Antônio Firmino Monteiro (1855-1888).

2. A expressão «ainda em cima», cuja correção atualmente deixa reservas, tinha plena vitalidade no século XIX, uma importância que perdeu posteriormente para a expressão «ainda por cima». Este é o panorama que se traça na resposta que se encontra incluída na atualização do Consultório, onde se poderão encontrar também respostas para a seguintes questões: Qual a concordância correta: «pai e filha assomaram a cabeça» ou «pai e filha assomaram as cabeças»? A expressão «aos pejelhos» existe?  Qual a função sintática de «na serra» na frase «Eles decidiram ficar na serra»? Como construir uma enumeração que envolve verbos com regências diferentes? Quais as interpretações da frase «Ela deixou a plateia emocionada»? O constituinte «à Pelé» em «Ele fez um gol à Pelé» associa-se a uma crase?

3. Sobretudo na oralidade, registam-se casos de confusão entre as palavras tráfico e tráfego, o que motiva a consultora Inês Gama a apresentar um apontamento onde se esclarecem as dúvidas relacionadas com esta questão (divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2).

4. O regresso à Guiné-Bissau e a recordação de traços característicos do crioulo aí falado conduzem a professora Arlinda Mártires numa evocação sobre a poética da língua guineense em que, nas suas palavras, «a própria língua se reveste de uma tónica carinhosa e nos abraça como os seus falantes nos abraçam».

5. Os resultados obtidos pelos alunos portugueses em estudos como o PISA, o TIMSS ou o PIRLS levam Maria Regina Rocha, professora e antiga colaboradora do Ciberdúvidas, ao desenvolvimento de uma análise crítica da atual situação e à apresentação de um conjunto de propostas que visam encontrar soluções e conduzir à melhoria dos resultados da aprendizagem (artigo publicado no jornal digital Observador aqui partilhado com a devida vénia). 

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