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1. O recente aumento da tensão entre Israel e o Irão colocou o Médio Oriente no centro das atenções devido ao perigo de vir a desencadear uma nova guerra com consequências imprevisíveis. Esta situação motivou uma reunião de emergência dos líderes do G7 e levou tanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a deixarem um apelo de «máxima contenção» às partes envolvidas. A palavra contenção, aqui usada com o valor de «ato ou efeito de conter(-se)»1, levanta, por vezes, dúvidas relativamente à sua grafia, sendo confundida com a forma contensão. A este propósito, convém aqui esclarecer que a palavra contenção, com o significado acima referido, é resultante da junção do verbo conter (na forma conten-) ao sufixo -ção e não se pode grafar como contensão. Existe, sim, registo de uma outra palavra, também grafada contenção, que advém do étimo latino contentĭo ou de contensio, ōnis, que significa «ato ou efeito de contender; 1. Desforço físico; briga, luta; 2. Desentendimento verbal ou da ordem das ideias, altercação, debate, disputa»1. É a palavra com esta etimologia e com este significado que tem como variante a forma contensão. Esta situação resulta do facto de as palavras terem origem nas variantes latinas já mencionadas, o que gerou uma flutuação ortográfica, que se verifica apenas no caso desta última palavra.

  1. As aceções apresentadas constam do Dicionário Houaiss.

Primeira imagem: mapa do Médio Oriente, com destaque, a cor para Israel (a laranja) e Irão (a verde).  

2. Quando entre o verbo e o seu complemento se coloca um advérbio, este deve ser isolado por vírgulas? A resposta a esta questão considera o caso dos advérbios curtos colocados junto da forma verbal. Na atualização do Consultório poderão ainda ser consultadas respostas sobre os seguintes aspetos: a pronúncia de R depois das letras S, N ou L; a grafia da expressão «autor matriz»; a grafia da expressão «há um ror de dias»; a natureza do verbo fazer numa construção passiva; a colocação do clítico com orações infinitiva; uso do verbo sujar como pronominal reflexo; a relação semântica entre supor e pressupor; uma possível tradução do anglicismo misnomer e os gentílicos de Buenos Aires e de Cidade do México.

3. Tal é uma palavra polifuncional, que pode pertencer a várias classes de palavras. Partindo da frase «Não tenho conhecimentos para tal», a professora Carla Marques analisa o comportamento deste vocábulo na língua (apontamento divulgado no programa Páginas de Português, da Antena 2). 

4. O consultor do Ciberdúvidas Paulo J.S. Barata apresenta um apontamento sobre dois neologismos: conspiritualidade e conspiracionar.

5. A má qualidade de alguns aspetos da tradução do docudrama Recordo a Piazza Fontana é aqui assinalada por José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, na rubrica Pelourinho

6. A comunidade brasileira em Portugal tem vindo a crescer de forma significativa, devido ao movimento de emigração. Este facto gera proximidade entre variantes linguísticas e levanta a questão relacionada com as possíveis influências de marcas do português brasileiro no português europeu. No artigo, de autoria da jornalista brasileira Julia Braun, aqui transcrito com a devida vénia, vários especialistas abordam a questão.

7. Destaque para as seguintes notícias:

Manuel Alegre, escritor e político português, foi condecorado com a Grã-cruz da Ordem de Camões pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, no dia 15 de abril, após o lançamento e apresentação da obra Memórias minhas, de Manuel Alegre, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

– Exposição A revolução em Marcha — os cartazes do PREC, na Biblioteca Nacional de Portugal, com inauguração a 19 de abril, ficando patente ao público até 21 de setembro de 2024. 

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