Não se compreendem as piruetas argumentativas de Helena Buescu. O que de tão atroz esconde o acrónimo TLEBS? Querer dizer «Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário»? Pois se foram os professores de Português dos departamentos desses níveis de ensino que tiveram a iniciativa de rever os termos usados para o ensino da gramática da língua, como se havia de chamar? É óbvio que é uma terminologia (termos específicos de uma área), é óbvio que é de linguística (não é de mecânica) e é óbvio que é para o ensino (foram os professores que a quiseram)!

O que tem de estranho que o Ministério da Educação (por proposta dos professores do Departamento do Ensino Secundário, a que se juntou o Departamento da Educação Básica) legisle sobre isso mesmo, a educação?

Como é que daqui se parte para a acusação de que os linguistas pretendem sub-repticiamente apropriar-se da disciplina de Português? Nesta disciplina ensina-se literatura e gramática. Que reacção paranóica, que mania da perseguição é esta? Há alguma razão para se acreditar que os «intelectuais» e estudiosos da literatura são referência quando se fala de regras da língua? Pelo que se viu até agora, não – desconhecem a gramática tradicional e a nomenclatura em vigor desde 1967.

O argumento das «pobres criancinhas» e dos «meus filhos que vão aprender coisas indecifráveis» é deplorável: há 30 anos, já se ensinava gramática com sintagmas nominais e verbais, determinantes, nomes, etc. (eu aprendi assim e não me impediu de ser boa aluna a latim, ensinado com gramática tradicional, e a sintaxe, que ensinava a teoria generativista).

Lendo o artigo até parece que tudo estava estabilizado e perfeito no ensino da gramática antes de aparecer a TLEBS: os manuais impecáveis, sem erros, sempre os mesmos de tão bons que são, a terminologia consistente e uniformemente aplicada por todo o país, os professores perfeitamente conhecedores da matéria e seguros sobre como e quando ensinar o quê. Tretas! Foi precisamente por isso que se fez a TLEBS.