A construção mesoclítica surge na conjugação pronominal quando um verbo é flexionado no futuro. Ortograficamente, tal forma comporta-se como um composto, pelo que se recorre ao acento gráfico no elemento “fá-”, justamente para marcar a natureza da vogal, que é o se chama vulgarmente um a.
A explicação dada na resposta em apreço assenta no conhecimento da origem do futuro em português. De facto, as desinências deste tempo verbal remontam ao verbo latino ‘habere’, que, na evolução do latim vulgar para a maioria das línguas românicas (uma das excepções é o romeno), se tornou verbo auxiliar na perífrase que exprimia o tempo futuro. Assim, fará tem origem na expressão ‘facere habet’, «fará». O que a mesóclise do português mostra é que essa desinência ainda mantém um certo grau de independência, o qual advém de ter origem numa unidade gramatical independente. A perífrase de futuro haver de, com infinitivo, é também um resquício desse emprego do antigo verbo ‘habere’ como auxiliar.