Anojeiro
Este termo é registado por José Pedro Machado no seu Grande Dicionário da Língua Portuguesa (Lisboa, Círculo de Leitores, 1991), exactamente com o significado referido pelo consulente: «garoto que guarda os bois que sobram da lavoura». É provavelmente termo derivado de anoja ou anojo, «bovídeo ou novilho de um ano» (ibidem; cf. também J. A. Capeça e Silva, A Linguagem Rústica no Concelho de Elvas, Lisboa, edição da Revista de Portugal, 1947); de «novilho de um ano» a «animal que sobra da lavoura», sugiro um processo de extensão semântica.
Assinale-se que anojo, nesta acepção, não tem origem em nojo ou numa variante deste, anojo. Na realidade, Machado indica que vem do castelhano añojo, que igualmente significa «bezerro de um ano», e tem por base de derivação a palavra año, «ano», alusiva, portanto à idade do animal.
Tralhoeiro
No Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, regista-se tralhoeira como o mesmo que armadilha (regionalismo de Trás-os-Montes), variante de taralhoeira. Esta palavra está atestada no Dicionário Houaiss como dialectismo de Portugal do domínio da arte venatória com o significado de «rede usada na caça aos taralhões» e com a variante taralheira. Há também tralhoada (idem), «trapalhada», que, como regionalismo do Ribatejo, também significa «três juntas de bois, ou três cingéis, que puxam a mesma carreta, zorra, etc.». É, pois, plausível que tralhoeiro deva a formação e o significado ao mesmo radical de tralhoada, «três juntas de bois».