Uma trilogia não é «uma obra obra com três volumes» mas, sim, um «conjunto de três obras do mesmo autor». A rigor, trilogia designava originalmente, em grego, o «conjunto de três tragédias» (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, 1987) ou «poema dramático composto de três tragédias que devem ser representadas juntas» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001). Por extensão, o significado foi-se alterando de modo que, actualmente, é usado para se referir a «grupo de três obras, teatrais ou não, unidas entre si por temática comum (idem).

Usa-se também tetralogia, «conjunto de quatro obras de um autor, ligadas entre si por um tema comum» (idem). Por exemplo, diz-se que o Anel dos Nibelungos, de Richard Wagner, é uma tetralogia, porque constituída por um ciclo de quatro óperas (O Ouro do Reno, A Valquíria, Siegfried, O Crepúsculo dos Deuses).

Contudo, nos dicionários que consultámos, não vimos regist{#|r}ada nenhuma palavra que designasse conjuntos constituídos por 5, 6… obras. Isso não significa que não se possam formar novas palavras para se designar esse tipo de obras, tendo como referência as palavras trilogia e tetralogia. Trata-se de composto eruditos, formados por dois elementos, ambos de origem grega. No caso de trilogia, tri-, do grego treis, tria, «três», homónimo do prefixo tri- de origem latina (cf. tripé); e -logia, «sufixo nominal, de origem grega, que traduz a ideia de estudo, tratado» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2004). Quanto a tetralogia, temos tetra-, «elemento de formação que exprime a ideia de quatro», do grego tetrás, «quatro» (idem); e -logia novamente.

Assim sendo, bastar-nos-á seguir o mesmo modelo para conjuntos de mais obras: pentalogia (penta-, do grego pénte, «cinco» + -logia), para um conjunto de cinco obras; hexalogia (hexa-, do grego héks, «seis» + -logia), para um conjunto de seis obras; heptalogia (hepta-, do grego heptá, «sete» + -logia), para um conjunto de sete obras; octologia (octo-, do grego októ, hom{#ó|ô}nimo de octo-, do latim octo, «oito» + -logia), para um conjunto de oito obras; enealogia (enea-, do grego ennéa, «nove» + -logia), para um conjunto de nove obras; decalogia (deca-, do grego déka, «dez» + -logia), para um conjunto de dez obras.