Do meu ponto de vista, tal como parece não haver uma verdadeira oposição entre nomes concretos e nomes abstractos1, também com alguns adjectivos, a fronteira que separa a classe dos qualificativos da dos relacionais parece ser muito ténue.
Por exemplo, o adjectivo profissional caracteriza alguém que exerce uma determinada profissão, sendo usado por oposição a amador: «Ele tira boas fotografias, mas não é profissional», ou seja, «não faz da fotografia a sua profissão».
Porém, o significado deste adjectivo estendeu-se a «alguém muito competente numa dada área»: «Ela é muito profissional naquilo que faz, trabalha com bastante profissionalismo.»
Verificamos, portanto, a passagem de um adjectivo que não era graduável (ou se é profissional, ou se é amador) para um adjectivo que, sendo sinónimo de eficiente, competente, já admite flexão em grau: «muito/pouco profissional». Nesta acepção, ele é claramente um adjectivo qualificativo.
Parece ser o que sucede com o adjectivo radical, o qual tem também um comportamento sintáctico-semântico duplo:
– como adjectivo relacional, significa «relativo a raiz»: «Cristianismo radical»;
– como adjectivo qualificativo, significa «drástico, profundo, inflexível»: «Ela fez uma dieta muito radical.»
Sugiro que veja as respostas relacionadas, que contêm informação complementar a esta minha análise.
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1 Porque a classificação de um nome depende do contexto em que o mesmo ocorre:
1. «Gostas da pintura que está na parede da sala?» (+ concreto)
2. «A pintura da sala demorou 2 horas.» (+ abstracto)