Cunha e Cintra, na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 333), explicam-nos que para o caso da locução «isto é» (tal como para o das locuções «além disso», «isto de», «por isso», «por isto», «nem por isso»), «o uso fixou determinada forma do demonstrativo, nem sempre de acordo com o seu sentido básico».
Na mesma linha, Evanildo Bechara, em Moderna Gramática Portuguesa (Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 2009, p. 190), considera como um caso especial de reforço dos demonstrativo a construção fixa «isto é» (e nunca «isso é»), com o valor de «quer dizer» ou «significa», para introduzir esclarecimentos, razão pela qual explica que esta é uma das «construções fixas que nem sempre se regulam pelas normas dos restantes reforços de demonstrativos», em que sobressai «a necessidade de avivar a situação dos objetos e pessoas tratados pelo falante, o que o leva a reforçar os demonstrativos com os advérbios dêiticos aqui, aí, ali, acolá: este aqui, esse aí, aquele ali ou acolá.»
Apesar de o seu valor semântico não corresponder à ideia de proximidade (a nível do espaço nem do tempo) inerente a isto, a associação da locução/construção fixa «isto é» aos demonstrativos deve-se ao facto de isto ser um pronome demonstrativo, «que tem um valor deíctico ou anafórico, estabelecendo a sua referência tendo em conta a sua relação de proximidade ou distância com, por exemplo, um participante do discurso ou um antecedente textual» (Dicionário Terminológico).