Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho sintaxe
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
O atual uso dos pronomes pessoais oblíquos <i>o/a</i> e <i>lhe</i>
Uma confusão frequente no Brasil e não só

«(...) [O] emprego padrão (isto é, normativo) dos pronomes pessoais em português é um tanto complexo, e, particularmente na variedade brasileira, o uso de pronomes de terceira pessoa com função de segunda traz certa ambiguidade que os falantes procuram contornar como podem.» Esta é uma das observações que faz o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi à volta dos desencontros entre inovação linguística e norma-padrão, mais concretamente, sobre as confusões que o uso dos pronomes pessoais átonos o e lhe ocasionam frequentemente no Brasil – e não só.

Apontamento do autor no blogue Diário de um Linguista, em 18 de janeiro de 2021 ,e no Facebook, no dia seguinte.

Motorista salvou morte?!

 

Alguém gostaria de salvar a morte?!1

 

Quem o motorista salvou da morte, como se refere na notícia, foi o homem que se preparava para se atirar à água, «do meio da ponte 25 de Abril». Logo, o título teria de ter outro verbo. Por exemplo: «Motorista evitou morte na ponte».

 

 

 

Outros textos da autora

Esta frase dá a cara a um texto publicitário que passa no canal televisivo AXN, em Portugal, a anunciar, presumo eu, um qualquer filme de terror. Não é preciso ser a Miss Marple para comprovar o duplo assassínio: o da personagem vítima do acto sanguinário, claro, mas também o da sintaxe estropiada…

Construir frases não é juntar palavras. Dominar noções de sintaxe não serve apenas para realizar exercícios de divisão de orações em Os Lusíadas. Uma reflexão breve sobre o tema num artigo de Ana Martins no semanário português Sol.

 

Sobre a sintaxe enredada nos media, um artigo de Ana Martins no Sol.

 

É consternador ver erros ortográficos, erros de pontuação, abuso de estrangeirismos ou desfiguração das conjugações verbais em textos de imprensa. É ainda mais chocante a desvalorização tácita destes erros, sugerindo-se que a inteligibilidade do conteúdo do texto — o fim último do acto comunicativo —, afinal, sai incólume.