«João viu a Cristo» é uma forma estilística que perturba e marca uma maior distância do que a frase sem preposição.
Na Língua Portuguesa actual, o complemento directo só raramente é antecedido de preposição. Em contrapartida, o complemento indirecto, que funciona como destinatário da acção, é regido pela preposição a. Neste caso, a preposição a não rege o complemento indirecto, mas desloca o campo do imediatamente visível para mais longe.
Esta situação é paralela a uma frase também corrente: «João ama a Deus». Aqui também é nítido o afastamento.
Em relação a «Adorar a Deus», a situação é um pouco diferente porque adorar deriva de orar e, por isso, dizemos frequentemente «Orar a Deus» e «Adorar a Deus». Note-se que adorar a é uma construção pleonástica dado que ad está na origem da preposição a, mas o uso consolidou a forma.
O verbo adorar tem vindo a alargar o seu campo semântico e a desvalorizar-se.
Actualmente, adorar sem preposição funciona como um grau mais elevado de gostar de.
Aqui temos um outro caso em que o complemento directo vem regido de uma preposição. Exemplo: «O João gosta dos nossos amigos».